REPORTAGEM ESPECIAL:
Rota da Liberdade, lei do Deputado Fábio Duarte, é sancionada e transforma história em desenvolvimento turístico entre Vitória e Serra
Vitória, 10 de julho de 2025 – O Espírito Santo acaba de ganhar um novo capítulo em sua história turística, cultural e identitária. Com a sanção da Lei 12.466, de autoria do deputado estadual Fábio Duarte, nasce oficialmente a Rota da Liberdade: um itinerário que une Vitória e Serra a partir da memória da Insurreição de Queimado, o maior levante popular por liberdade já registrado no estado.
Publicada no Diário Oficial em 9 de julho, a lei inclui a rota no Anexo I da Lei 12.017/2023, integrando-a ao plano de rotas turísticas do Espírito Santo e permitindo investimentos em infraestrutura, divulgação, acessibilidade e apoio ao empreendedorismo local. Trata‑se de um feito duplo: a Serra conquista sua primeira rota estadual de turismo e Vitória, a segunda.
Um traçado entre memória, resistência e futuro
O trajeto começa simbolicamente no Palácio Anchieta e na Praça João Clímaco, em Vitória, atravessa a Praça Oito, segue por Carapina e alcança o território serrano, passando pelos circuitos de agroturismo de Pitanga, Guaranhuns e Putiri.
Já na Serra Sede, o visitante encontra a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, edificada no século XVIII; o recém-descoberto Sítio Histórico e Arqueológico do Marco Zero; a estátua de Chico Prego, que fica no local do enforcamento deste que foi um dos principais líderes da insurreição; o Museu Histórico da Serra; a Reserva Técnica Arqueológica; os Casarões dos Castello e dos Miguel; e, ao fim da rota, as ruínas do Sítio Histórico de São José do Queimado, ícone da resistência negra. Ao longo desse percurso, além do paisagismo, do entretenimento e da gastronomia, história, fé, resistência e futuro convergem em uma experiência única.
Desvalorização dos centros históricos: um desafio urgente
A criação da rota chega num momento em que os centros históricos de Vitória e Serra‑Sede sofrem com abandono, desocupação e perda de relevância econômica e cultural.
Na capital, o esvaziamento do Centro, especialmente da Rua Sete, ganhou força a partir dos anos 2000: lojas migraram para bairros periféricos, imóveis foram subutilizados e a oferta de atividades culturais, como teatro e cinema alternativo, encolheu.
Já na Serra‑Sede, uma revitalização iniciada entre 2020 e 2022 reformou praças e calçadas e ergueu um prédio público, mas a região ainda carece de atratividade turística contínua e de uma narrativa cultural e de identidade integrada. A Rota da Liberdade surge, portanto, como ferramenta real de reversão desse declínio.
Oportunidades trazidas pela Rota da Liberdade
A rota abre perspectivas concretas para aquecer a economia local ao atrair visitantes interessados em patrimônio cultural e história, incentivando a reocupação de imóveis e fortalecendo o comércio. Ao mesmo tempo, ela reforça a preservação arquitetônica, somando‑se ao estímulo ao retrofit já previsto na Lei Municipal 9.882/2022, que oferece incentivos fiscais a 25 imóveis de Vitória.
Além disso, a realização de eventos religiosos e culturais, caminhadas, trilhas, gastronomia, visitas a museus e roteiros educativos pode devolver vitalidade cultural aos centros urbanos e campestres.
Plus: infraestrutura já amarrando o projeto
Parte da infraestrutura necessária para o sucesso da Rota da Liberdade já vem sendo ou já está construída. Além de circuitos de agroturismo ativos, a Serra investiu na restauração de igrejas e sítios históricos em Nova Almeida, Queimado e Carapina.
Já Vitória, desde 2024, tem intensificado a instalação de placas informativas no Centro, reforçando o valor histórico e cultural do território como destino turístico.
Impacto cultural e social
Mais do que um roteiro turístico, a Rota da Liberdade recoloca o patrimônio histórico, cultural, racial, religioso e de resistência negra no centro da política de turismo capixaba.
A valorização da história e da identidade coletiva fortalece a memória social e contribui para a geração de empregos, a dinamização da economia local e o estímulo a pequenos negócios.
A rota torna-se um instrumento de reconstrução simbólica e concreta do território, conectando passado e presente com vistas a um futuro mais justo e integrado.
Próximos passos: audiência pública no Centro da Serra
As possibilidades de desdobramento da Rota da Liberdade são amplas e ainda difíceis de dimensionar, especialmente ao se considerar os campos da educação patrimonial, literatura, festas populares e eventos temáticos.
Pensando nisso, o deputado Fábio Duarte convocará representantes dos setores de turismo, cultura, movimento negro, Iphan, governos municipal e estadual, entre outros, para uma audiência pública que visa debater e construir o texto da regulamentação da lei. O encontro será realizado no Auditório da Câmara Municipal da Serra, em data a ser anunciada.
“Agora é a hora de reunir todas as forças e estabelecer as bases desse circuito. A Rota da Liberdade é uma política pública capaz de revolucionar a cadeia turística da Serra e da Capital, valorizando a história e construindo identidade de forma concreta, unindo o povo capixaba por meio de um simbolismo potente. Isso nos enche de orgulho e esperança. O Espírito Santo merece e precisa disso”, conclui o parlamentar.
Texto: Fábio Boa Morte / Foto: Matheus Reis